Bloqueio criativo. Morde a caneta, amassa o papel, liga o computador. Bloco de notas, Microsoft Word ou qualqe tela preta com letras em verde neon que lembra Matrix e que só quem lida com computação sabe o nome.
Nada.
Não é a falta de ideias. Se muito, é o exato oposto. Doze mil, quinhentos e noventa e dois assuntos diferentes, mas nenhum deles está maduro o suficiente para valer a pena.
Rasga um outro papel. Senta ao contrário, de cabeça para baixo, ou vai para algum lugar alatório e estranho, como o telhado da lavanderia, que possa ser o canalizador de alguma energia criativa. Briga com algumas pessoas, só pra descontar a frustração. Fica jogando aquela bolinha de borracha na parede compulsivamente.
Não, não deu certo.
Mas é teimoso demais pra desistir! Dá aquela conferida no espelho, vestindo a expressão mais humilde que encontrar, e sai em busca de ajuda. Ou procura outros trabalhos que possam servir como 'referência', os conteúdos e criações dos outros. De alguma maneira, procura a maldita inspiração.
A chuva, a lua, um pôr do sol. Esses clichês se tornaram óbvios por algum motivo, devem ter o seu valor.
Mais um grande nada.
Aí é a hora do acesso de fúria. Nem queria mesmo, é inútil demais eu me preocupar com essas coi...
Isso! A ideia! Aquela perfeição, aquela... aquela! Ah, é grande demais para descrever!
Papel, computador, guardanapo, mão... qualquer coisa, qualquer coisa para prender a ideia no mundo físico!
Caneta! Onde é que está a caneta?
Toca o telefone.
A ideia se parte em um milhão de pedaços.
Droga.
Vai ter que começar tudo de novo.