Um dos maiores choques na vida de uma mulher é o momento em
que ela se olha no espelho e percebe que está envelhecendo: a primeira ruga é
sempre um divisor de águas. Digo isso com propriedade pois, há alguns dias
atrás, isso aconteceu comigo. Um pouco antes de dormir, depois de colocar o
pijama e tirar a maquiagem, parei na frente do espelho e fiquei pensando: quem
é esta jovem senhora que está ali do outro lado? Sim, eu estava me chamando de
senhora, no auge dos meus 27 anos de idade!
Eu sei, neste momento muitas mulheres devem estar furiosas,
abandonando este texto, enquanto esbravejam contra esta ‘menina’ que vos
escreve. “Ela tá se achando velha antes dos 30? Imagina quando chegar aos 60!”
– dirá uma. “Isso é uma falta de respeito comigo, se essa garota pensa que está
velha aos 27, o que deve pensar sobre mim, que tenho 54?” – pensará a outra.
Mas, queridas leitoras, fiquem e compreendam meu raciocínio.
Se vocês já passaram pelo doloroso despertar para a maturidade, tentem se lembrar da primeira
vez em que perceberam que o tempo havia passado. Não importa a idade nem a
quantidade de rugas no rosto. Lembrem do sentimento. Revivam este sentimento
por um instante. Recordem-se de como foi doloroso descobrir tal fato e que não
fazia diferença nenhuma se seu namorado, marido ou até sua irmã mais nova dissessem
que você continua linda e maravilhosa e nem dá para ver as marcas de expressão.
Pois é, a gente sempre se sente igual. Afinal, somos
mulheres e, para nós, a autoestima é fundamental. Não é só uma questão de
beleza, é muito mais de aceitação. Por isso, como eu ainda não estou aceitando
a minha descoberta, vou ali comprar uns creminhos anti-idade e já volto. Tchau.
Originalmente publicado no jornal Correio do Povo de 22 de março de 2012.